02 Out 2017

Vamos a um caso clínico interessante, que revela a importância da correlação com a clínica, com as informações que o paciente nos traz e o teste dinâmico que aplicamos durante o exame.

Paciente do sexo feminino, 32 anos, três gestações normais anteriores, com queixa de abaulamento epigástrico aos esforços. O exame clínico revelou o abaulamento epigástrico e um nódulo logo acima da cicatriz umbilical. O clínico solicitou uma ecografia com suspeita clínica de hérnia epigástrica.

Com o transdutor linear, em corte transversal acima da cicatriz umbilical, notamos um nódulo com cápsula fina, interior levemente heterogêneo, lembrando tecido adiposo. Parece que o nódulo vem de baixo, de dentro do abdômen, com uma passagem comunicando ao tecido pré-peritoneal. O mapa vascular com o Doppler colorido não revela vasos.

A primeira impressão é de hérnia epigástrica contendo tecido adiposo, sem a presença de alça intestinal (epíplon ou tecido adiposo pré-peritoneal). Entretanto, as manobras dinâmicas (Valsalva, flexão abdominal e compressão com o transdutor) não provocam mudanças no nódulo, falando contra a hipótese de hérnia.

O corte longitudinal na linha média mostra que a lesão tem vários pontos de infiltração na fáscia pré-muscular. Além disso, a compressão com o transdutor não deforma o nódulo, levando à hipótese de lesão proliferativa infiltrativa. A análise atenta da morfologia da lesão, associada às manobras dinâmicas, nos fizeram mudar a hipótese inicial de hérnia para nódulo proliferativo de etiologia à esclarecer.

Os nódulos mais comuns de parede abdominal são os lipomas, mas não podemos excluir outras possibilidades. O lipoma pode ter padrão infiltrativo invadir o músculo, por exemplo, mesmo sendo benigno, mas não podemos excluir a hipótese mais grave de um sarcoma. O mapa vascular negativo fala a favor de lesão benigna, pois o sarcoma costuma apresentar proliferação vascular intensa.

E o abaulamento epigástrico? Utilizando a técnica panorâmica, mostramos a diástase dos músculos reto abdominais, com afastamento de 5 a 6 cm entre eles, e o nódulo parietal. A manobra dinâmica mostrou com clareza a diástase muscular. A aquisição volumétrica com a técnica 3D mostra os três planos ortogonais do nódulo da parede abdominal.

Finalizamos com duas hipóteses diagnósticas:

- Diástase epigástrica dos músculos reto abdominais.

- Nódulo do tecido adiposo com infiltração da fáscia pré-muscular.

 

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