13 Mar 2020

ENDOMETRIOSE

O endométrio é o tecido que reveste a cavidade do corpo uterino (mucosa). Quando localizado fora da cavidade uterina provoca dois tipos de enfermidades: a adenomiose, na qual o endométrio está dentro do miométrio (musculatura do corpo uterino), e a endometriose, na qual o endométrio está fora do corpo uterino. Essas duas doenças foram descritas pela primeira vez por Carl von Rokitansky em 1860.

A endometriose é uma doença frequente nas mulheres em idade reprodutiva (1 a 2%), nas mulheres inférteis (15%), nas mulheres operadas com dor pélvica (20%) e nas mulheres inférteis com dor pélvica (50%).

O quadro clínico é amplo, em função da localização e da gravidade das lesões: dismenorreia progressiva, dor pélvica crônica, dispareunia profunda, distúrbio menstrual, infertilidade, problemas com a função intestinal e problemas com a função urinária.

É importante lembrar que 8 a 10% das mulheres portadoras de endometriose são assintomáticas e o diagnóstico só é firmado quando se realiza algum exame de imagem ou alguma intervenção.

A endometriose pode se manifestar em três níveis:

- Endometriose superficial: implantes peritoneais com profundidade ≤ 5 mm. Não é visível com a ultrassonografia e geralmente é identificada com a videolaparoscopia.

- Endometriose ovariana: cistos endometrioides (endometriomas). Facilmente identificada com a ultrassonografia, principalmente quando os cistos são ≥ 2 cm.

- Endometriose profunda: implantes com profundidade > 5 mm. A ultrassonografia é o método de escolha para o diagnóstico. Quando negativa, prossegue-se a investigação com a ressonância magnética e/ou a videolaparoscopia, dependendo das indicações clínicas.

O estadiamento mais utilizado da endometriose é o da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM):

- Estágio 1 (doença mínima): implantes superficiais isolados e sem aderências.

- Estágio 2 (doença leve): implantes superficiais agrupados e sem aderências.

- Estágio 3 (doença moderada): múltiplos implantes superficiais e aderências peritubárias e periovarianas.

- Estágio 4 (doença grave): endometriomas ovarianos, implantes profundos e aderências densas e firmes.

O estadiamento indica a gravidade anatomopatológica da doença, mas, infelizmente, não tem relação com a intensidade dos sintomas ou com o prognóstico reprodutivo.


Endometrioma Ovariano

 Figura 1

A Figura 1 mostra endometrioma ovariano, fluido peritoneal aumentado e aderência fina.


Folículos Retidos

Figura 2 

A Figura 2 mostra endometrioma ovariano, folículos retidos, fluido peritoneal aumentado e aderências grossas.

 

 

Endometriose Profunda

Figura 3 

A Figura 3 mostra endometriose profunda localizada no retossigmoide e no torus uterino.

A endometriose, independente do seu estágio, é a principal causa de algia pélvica e de infertilidade em mulheres de idade reprodutiva.

 

Alterações Ovarianas Funcionais

Figura 4 

A Figura 4 mostra endometriose profunda em paciente com algia pélvica crônica e infertilidade.

A esterilidade relacionada à endometriose é uma condição complexa e de difícil manejo, pois envolve múltiplos fatores, tais como: alterações ovarianas funcionais, processo inflamatório pélvico, aderências, função peritoneal alterada, alterações tubárias, fatores imunológicos pélvicos e alterações endometriais (bioquímicas e histológicas).


Endometrioma e Retenção Folicular

Figura 5 

A Figura 5 mostra endometrioma e retenção folicular em mulher com infertilidade.

 
 
 
Fontes:
01. Manual de Endometriose - 2014/2015. Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO).
02. Antunes M, Martinho M. Papel da imagiologia na avaliação diagnóstica da endometriose profunda. Acta Obstet Ginecol Port 2015;9(2):158-69.
03. Bellelis P e cols. Aspectos epidemiológicos e clínicos da endometriose pélvica. Uma série de casos. Rev Assoc Med Bras 2010;56(4):467-71.