02 Set 2017

Um caso clínico importante que ilustra bem a alteração da perfusão placentária e sua relação com o oligo-hidrâmnio e com o crescimento e oxigenação fetal. Uma gestante de 37 anos com hipertensão arterial crônica pré gestacional. Não foi possível controlar adequadamente a pressão arterial, apesar do uso de medicação e da colaboração positiva da paciente.
Realizou exame ecográfico em outro serviço, o qual revelou restrição do crescimento fetal. Uma gestação muito prematura (27 semanas), referida para avaliação do estado fetal. No presente exame, foram identificadas as seguintes alterações:
- Oligo-hidrâmnio absoluto (ILA < 2 cm). Utilize o Doppler colorido para avaliar os bolsões de líquido amniótico e excluir os bolos de cordão umbilical, os quais podem simular cavidade amniótica maior do que na realidade.
- Restrição grave do crescimento fetal, com padrão simétrico no percentil 2. O feto apresentou crescimento normal até o exame morfológico de 22 semanas e, no intervalo de apenas 5 semanas, apresentou a restrição identificada no presente exame.
- A avaliação com o Doppler espectral mostrou alterações importantes: uma artéria umbilical com diástole final em zero, e a outra com diástole reversa. A perfusão fetal da placenta está gravemente comprometida. A perfusão cerebral apresenta vasodilatação, indicando quadro de centralização (hipóxia fetal).
- O feto permaneceu imóvel durante todo o exame. A paciente refere redução importante da atividade fetal nos últimos dias (mobilograma fetal doméstico).
Os achados ecográficos indicam sofrimento fetal crônico: restrição simétrica do crescimento, oligo-hidrâmnio e centralização dos fluxos sanguíneos, secundários à insuficiência placentária provocada pelo quadro hipertensivo. A hipóxia fetal grave e o oligo-hidrâmnio absoluto estão relacionados com altos índices de morbimortalidade perinatal. Os sobreviventes também apresentam alta morbidade na infância e na vida adulta.
Nessa situação clínica temos um bebê com alto risco de óbito perinatal e de complicações serias após o nascimento, além da probabilidade de sequelas futuras no seu desenvolvimento, tanto cerebral, quanto de vários outros órgãos. Portanto, uma situação extremamente grave, de difícil manejo pelo obstetra, principalmente pela idade gestacional, pois ainda estamos no segundo trimestre.
Para saber mais sobre ecografia acesse nosso site www.ultraeduc.com.br. Temos vários cursos gravados nessa área e também outros temas importantes que estamos gravando sobre a Ultrassonografia.
Muito obrigado pela atenção. Prof. Dr. Luiz Antônio Bailão.